
IV Colóquio Habitat, Cidadania e Agroecologia
no Campo, nas Águas e Florestas
Ocupar, conquistar e habitar os territórios rurais em disputa, no Brasil e na América Latina
2 a 5 de dezembro de 2025 - Campus Universitário Darcy Ribeiro da UnB | Brasília DF
Apresentação
A quarta edição dos Colóquios Habitat e Cidadania, que a partir deste ano passa a se intitular como “Habitat, Cidadania e Agroecologia no Campo, nas Águas e Florestas”, se apresenta como uma iniciativa conjunta de professores e pesquisadores das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, no sentido de retomar e ampliar os debates científicos, técnicos e políticos sobre os processos constitutivos dos habitats rurais do Brasil, bem como de outros países latino-americanos.
Com o tema “Ocupar, conquistar e habitar os territórios em disputa, no Brasil e na América Latina”, o evento pretende contribuir com as interlocuções entre o campo teórico-prático da Arquitetura, do Planejamento Territorial e da Construção, e outras áreas do conhecimento. E, da mesma forma, entre a comunidade acadêmica, movimentos sociais das áreas rurais, representantes indígenas, quilombolas e demais povos do campo, das águas e florestas, agentes governamentais e organizações da sociedade civil.
A programação do IV Colóquio contará com uma série de atividades, que incluem: Conferência de Abertura, Mesas Redondas, Sessões Temáticas, Exposições, Feiras, Visita Técnica e a fundação da Rede Latino-Americana de Estudos sobre os Habitats Rurais. Dessa forma, pretende-se que essas atividades se transformem em importantes espaços e oportunidades para trocas de experiências, formação e qualificação de debates e análises sobre:
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O planejamento territorial e o projeto dos habitats rurais, em suas diferentes escalas e realidades, considerando os vínculos entre rural-urbano, as demandas dos povos rurais por infraestruturas adequadas, equipamentos e serviços; e suas estratégias de luta por reconhecimento, autonomia, dignidade e cidadania;
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A questão da habitação social nas áreas rurais, tendo em vista o histórico e os arranjos financeiros e gerenciais dos programas habitacionais, o papel das assessorias técnicas, e os aspectos técnicos, políticos, econômicos, ambientais, arquitetônicos, construtivos e tecnológicos, referentes ao projeto e à produção;
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Os conflitos por terra, água, energia, territórios e "maretórios", assim como o panorama brasileiro e latino-americano sobre: a questão agrária; os processos de grilagem; o avanço do agronegócio; agrotóxicos e transgênicos; e os processos de territorialização, mundialização e financeirização do capital nas áreas rurais, tendo em vista sua relação com as crises climáticas;
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A produção da agricultura camponesa e sua relação com a agroecologia, com as políticas públicas e os programas sociais; a organização e atuação de cooperativas e associações; as práticas e ações por soberania alimentar e de assistência técnica e extensão rural; o campesinato, as relações de trabalho nos territórios rurais e as mobilizações, articulações e disputas dos movimentos sociais e sindicais;
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Os povos indígenas, quilombolas e tradicionais, considerando: conceitos, definições e autoafirmações dos povos indígenas, quilombolas e tradicionais; o cenário histórico-atual das lutas por demarcações e reconhecimentos; os movimentos indígenas e quilombolas; as concepções e práticas do Bem Viver, e as intersecções do habitat rural com as dimensões territoriais, culturais, ancestrais e espirituais;
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As questões étnico-raciais, sexuais, reprodutivas e de gênero; as formas de organização das mulheres e as lutas feministas; e as condições de saúde dos povos rurais, tendo em vista suas particularidades, bem como as ações coletivas, do Estado e de organizações não-governamentais;
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A educação dos povos do campo, das águas e florestas, tendo em vista suas demandas, articulações e parcerias; as políticas e os programas sociais; as práticas autônomas e populares de educação nas áreas rurais; e as residências em Arquitetura e Urbanismo.
Esperamos vocês em Brasília!
"Um habitat, de maneira nenhuma pode ser resumido a um abrigo. [...] habitat supõe outras conexões com o lugar onde você está estabelecido. Supõe algum grau de interação entre o sujeito que está naquele lugar e aquele lugar. A sua ecologia, o seu ecossistema. Como é que você pode se suprir de alimentos? Como é que você pode cuidar do seu bem-estar, da sua saúde? Como é que você pode ter reprodução cultural, social, do seu modelo mental de sociedade?
Essa casa comum que nós compartilhamos no Brasil está rachada de "cima-embaixo". Talvez seja um engano muito grande acharmos que o Estado seja o endereço para todas as nossas demandas. Isso pode ser uma infantilização das pessoas, traduzir tudo em política pública; achar que política pública vai dar conta da nossa vida. Se nós continuarmos sendo infantilizados por essa ideia, nós vamos acabar entendendo que basta um abrigo, e não um habitat. Nós não podemos reduzir a nossa compreensão de habitat a um abrigo. Porque, senão, não faz muita diferença sair debaixo de uma lona para ir debaixo de um telhado de amianto ou de concreto. Porque você não escolheu o lugar onde você quer ficar, mas alguém escolheu por você"
(Ailton Krenak, durante sua participação no III Colóquio Habitat e Cidadania, ocorrido em maio de 2015, em Brasília).